20.12.06

A mal –dita, mas sempre atual: Psicanálise

A mal –dita, mas sempre atual: Psicanálise

Desde a criação da psicanálise,por Sigmund Freud,o pensamento humano sofreu uma terrível ferida narcísica.''a representação do ser humano como racional dono de si mesmo,dos seus pensamentos e ações,como também a soberania da vontade estariam para todo o sempre sepultada''.Freud descobre que sofremos por causa de um determinismo psíquico diretamente ligado á estruturação de nossa personalidade;que os sonhos podem ser analisados,que muitas vezes tentamos enfrentar nossos problemas como se fôssemos feitos de ferro ao invés de carne e osso, descobriu a ligação entre várias enfermidades com o mal-estar psíquico e emocional. o mundo jamais perdoou a Freud por ter trazido está má nova!
O sério do homem é feito do mesmo material que uma piada ou um trocadilho. “Quem fala nem sempre sabe o que diz”, e quando diz nem sempre sabe o que fala”; imagine o que estas provocações não proporcionaram ao materialismo cientificista e antropocêntrico da época. O inconsciente dinâmico (freudiano) é sem duvida universal. Quem de nós não sonha, não racionaliza idéias, não comete lapsos de linguagem, não possui manias; quem de nós não se esconde atrás de máscaras que ás vezes nem sabe possuir?
Os leigos acreditam que tudo para a Psicanálise é sexo, que todas as explicações conceituais da teoria da psicanálise dizem respeito ao ato sexual; se esquecem de que o importante é o todo que envolve o sexo, ato sexual é uma manifestação instintiva de todos os animais. Para nós o afeto, a identificação e a repressão no envolvimento amoroso é que pode auxiliar a um entendimento do prazer ou do desprazer de uma relação a dois.
A sexualidade pela qual Freud se interessava não era a genital. Para ele o genital é algo que ocorre só depois, dando significação a um acontecimento da pré – historia do paciente. Freud jamais sugeriu praticas ou técnicas sexuais, disse ou deu a entender que existia além da escuta e interpretação do material do paciente outra forma de trabalho psicanalítico.
A Psicanálise já fez cem anos e vemos cotidianamente seu fim ser pregado e desejado por muitos; muitos que, por medo ou ignorância, distorcem ou deixam de refletir suas pestilentas assertivas e seus explosivos preceitos teóricos. O objetivo fundamental da teoria é o estudo do inconsciente, que, pela própria complexidade, se apresenta de forma encoberta e enigmática.Os avanços da neurociências, da genética, da robótica e o desenvolvimento tecnológico jamais ameaçaram esta talentosa forma de investigação e de compreensão do psiquismo humano. O conflito humano reside na luta desenfreada entre este inconsciente que deseja gozar e as limitações que a sociedade impõe a este gozo. Por trazer uma verdade da qual procuramos nos defender a todo custo, foi chamada por Freud de peste. Peste esta pasteurizada pelos americanos e distorcida pelos que não a entenderam ou temeram entendê-la. O importante é que a prática clinica nos oferece todo o dia a “certeza” de que a peste continua firme e forte, ajudando o homem a descobrir suas máscaras e fazendo-o sobreviver de forma mais lúcida e menos alienada a suas próprias limitações.
As aplicações da teoria psicanalítica atingem todas as ciências, principalmente a Psicologia Criminal. O entendimento da importância de uma família estruturada, do tratamento afetivo e disciplinar na criação dos filhos talvez seja a maior contribuição. Psicanálise não é conversa, mas sim uma profunda reatualização e reestruturação de uma mente que deseja apenas encontrar o seu maior significado: o prazer de viver!


Franklin Barbosa Bezerra – Psicanalista e Professor/Supervisor da Pós-graduação em Psicologia Jurídica do CESMAC, Supervisor da Clinica/Escola do CESMAC

6.12.06

Violência Doméstica

Violência Doméstica

Somos ensinados desde pequeno a confiar no amor ilimitado dos pais; a acreditar que todos eles são capazes de cumprir com a árdua e penosa função materna. Isto, infelizmente tem sido desmascarado cotidianamente pela Psicanálise.
A ciência tem detectado muita violência e muita brutalidade no trato com crianças pequenas, muitas vezes partindo da mãe biológica.
Psicanaliticamente sabemos que para a criança ter um desenvolvimento psicológico sadio e independente é de vital importância que ela introjete o que chamamos de Lei do pai. Esta lei pode ser simplesmente explicada como a introjeção na cabeça do filho(a) pela mãe de que existe outro no desejo da mãe, que é o estrangeiro(pai). Esta introjeção fará com que ele “entenda” que a mãe não se completa com ele, mas que existe outro importante na vida dela. Isto quebra completamente a fusão que afastará esta criança da crença imatura de que mãe e filho se completam.
Criar filhos é muito difícil, amá-los mais difícil ainda. Para se amar um filho é necessário que se tenha sido amado como filho e com isto se ter elaborado o luto de ser
Filho. Para as mães não é diferente. Quantas são desprezadas, abusadas ou invejadas pela própria mãe.A clínica nos traz dois exemplos desta violência praticada na maioria das vezes pelas mães: a síndrome do bebê sacudido e a síndrome de Munchaussen. A primeira se caracteriza pela forma de sacudir com violência. Esta prática pode gerar fraturas que ocasionarão hemiplagia ou até tetraplegia, muitas vezes lesões na coluna, no tórax, no crânio e cérebro. O pior de tudo é que esta pratica da sacudidela violenta é praticado por muitos pais, que por não terem nascido com o dom da paciência, muitas vezes tiveram a sorte de não ter causado um desses danos aos filhos. A segunda é mais complexa e mais patológica. A mãe induz e elabora sinais falsos para que seus filho pareça sofrer de uma enfermidade real.
Infelizmente, a triste verdade é que nem toda mulher nem todo homem estão preparados para criar filhos. Se o pai do garoto o trata com muita violência e muita insensibilidade, e se o convívio de ambos for muito difícil isto pode caracterizar muitas problemáticas psicológicas. Desde o ciúme doentio pela mãe ao sentimento de insegurança do amor dirigido pela mãe ao seu filho. Pode também, demonstrar tanto uma imaturidade como uma psicopatologia. Do lado da mãe ela geralmente recebe desde muito pequenina o ensinamento de que todas as mulheres possuem o chamado instinto materno. Isto, infelizmente é uma mentira. Existem mulheres que possuem outras capacidades, produtivas e criativas, menos à de criar filhos. Seus filhos são jogados em qualquer lugar, ou com qualquer pessoa, só importando o sossego dela. E isto não está ligada somente a sobrevivência, porque muitas só batem pernas na rua, culpar o excesso de trabalho ás vezes não corresponde a verdade. Quantas mães que nós conhecemos, fazem tudo para estar longe de seus filhos.
Muita violência juvenil, muita droga, muito alcoolismo, pode estar vindo de lares onde os pais fazem de conta que são pais e exigem desses filhos educação, equilíbrio e maturidade. Reflitamos sobre a nossa família antes que o crime e a desgraça arrombem nossa porta.
Franklin Barbosa Bezerra – Psicanalista e Professor/Supervisor da Pós-graduação em Psicologia Jurídica do CESMAC, Supervisor da Clinica/Escola do CESMAC